A paz de Tyrnau

Rubina  Miguel , a  Reguladora Auxiliar para o 5ªBairro, recebeu-a no seu gabinete.  O assunto era simples. Guida queixou-se da existência excessiva  de mulheres-objecto referentes da inscrição na lógica de poder  da textualização estereotipada.  Rubina sacudiu os pulsos, sorriu ao de leve e mostrou-se interessada.
O problema era a concorrência desleal. Guida  tinha optado por um corpo livre dos estereótipos: pesava 83 kg e não se depilava. Exigia que a Reguladora  estabelecesse uma quota: um terço das mulheres do bairro teriam de ser  livres da coisificação dominante. Rubina concordou. Era inadmíssivel que um bairro  tardo-moderno, integrador e exemplar no respeito pela diferença  obrigasse mulheres como Guida a ser uma ave rara.  Referiu, no entanto, que  essa medida poderia ser difícil de implementar.: não podiam  obrigar essas mulheres livres a vir para o bairro.
Guida voltou à carga.  Em nome da igualdade no acesso aos mecanismos da sedução igualitária, a solução passaria por  inscrever um terço das habitantes num workshop com base nos trabalhos de Susan Brownmiller:  o culto da beleza feminina é um subproduto dos arquétipos masculinos. As mulheres fazem-se boas para agradar aos homens, ou seja, a parábola do escravo dócil sem consciência de classe.
Rubina concordou,  satisfeita, com a solução. A educação liberta.

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