Drogas ( 2)

A  ideia da escalada é velha: começas a rodar uns charutos e acabas nas chinesas, ou seja, vais do hax à heroína enquanto o diabo esfrega  o olho. O que é curioso é que a ideia não é errada quando analisamos, por exempo,  o perfil de um toxicodepente da velha guarda. O que é curioso é que  a ideia está errada quando aplicada à população em geral.

Quando trabalhei no terreno (89-95), e quase sempre numa valência pesada ( a unidade de desintoxicação do CAT de Coimbra), era raro  o heroínomano que não tivesse começado pela canabis. Isto nada tem de excepcional e é até intuitivo. Na minha geração, todos os que experimentaram drogas ilegais usaram canabis: ninguém começava na braquinha ou nas chinesas , muito menos a dar na veia. 
Pois é, o problema  da teoria da  escalada é que não explica por que motivo tanta  gente que rodou uns charutos nunca sequer se  aproximou das outras drogas. Temos então uma escalada com direito de admissão.

Como dizia o Freud tardio ( já curado das teorias mirabolantes),  não usamos narcóticos para substituir o que nos falta: somos assim mesmo, desejamos evitar o sofrimento e procuramos o prazer. Uns continuam  a busca num mato, outros partem para pastagens diferentes.

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